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VIDA, LOUCA VIDA!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015




OI MUNDO!!!

Eu me afastei, né? Não tô falando só do blog. Por muito tempo abdiquei de uma porção de coisas que eu considerava serem essenciais na minha vida... mas agora, parece que tudo mudou. Sinto que vou fazer tudo que sempre quis. Ou quase tudo. Um passo de cada vez, certo?

Dezembro foi um mês turbulento. As aulas no Rumo, onde estudei durante cinco anos, acabaram e eu me senti totalmente... sem rumo (aquele trocadilho clááássico que todo mundo faz). Foi muito difícil acreditar/aceitar que eu não teria mais aquelas pessoas ao meu redor todos os dias. 2014 foi bom demais. Foi a melhor sala que eu tive na vida. Foi a primeira vez que senti que podia ser eu mesma, o tempo todo. Eu falava o que eu queria, na hora que eu queria, com quem eu queria, saia cantando pelos corredores... e me sentia querida. E a prova disso foi quando fui escolhida pra ser oradora. Eu? Uma das piores alunas da sala? Que não conseguia tirar nem 3 numa prova de orgânica? Que pegava recuperação igual surfista pega onda (o gatinho brasileiro campeão do mundo, claro)? Foi uma surpresa enorme. Fingi que não era grande coisa na hora, mas quando cheguei em casa contei pra minha mãe e chorei de felicidade - e tô chorando agora lembrando. Eu sei que nunca vou esquecer as coisas que passei em 2014. E nunca vou deixar de usá-las de alguma forma pelo resto da minha vida. 

Mas, continuando...

A convocação para a segunda fase da FUVEST saiu, e meu nome estava lá. Me matriculei no Anglo da Tamandaré. E os dias que se passaram foram praticamente iguais. Eu acordava cedo, sozinha, ia pro Anglo, dava umas risadas com os professores (todos muito bons, sério), e ficava lá na sala de estudos até quase dez da noite focada em um objetivo. Mas quando eu chegava em casa, deitava na minha cama e olhava no meu celular a conversa do grupo da minha sala do Rumo. Chorava até não ter mais lágrima pra cair, e finalmente conseguir dormir. Eu me senti tão sozinha. Não queria ficar em casa de jeito nenhum. Teve um dia que fui no Centro Cultural da Vergueiro pra estudar, mas acabei subindo direto pro terraço. Fiquei lá em cima, olhando as pessoas passando e imaginando como era a vida de cada uma delas. Naquele mesmo dia, fui com uma amiga (amiga do rolê da Manu, que ainda está longe da época de vestibular e não me perguntou nada sobre como estava indo minha preparação) na apresentação de uma amiga nossa na escola de teatro musical Teen Broadway. Foi aí que surgiu uma vontade enorme em mim de acabar logo com tudo e poder fazer o que eu queria de verdade. Uma vida sem fórmulas, sem decoreba, sem desespero.

O primeiro dia de prova chegou. Foi lindo. Senti vontade de deixar um beijo de batom no final da minha redação. Citei Hobbes. Rousseau. Vidas Secas. Saí mega confiante. Daí veio o segundo dia, e a insegurança começou. No terceiro então... Mas ok. Acabou. O que tiver que ser, será. Passei mais uma semana em São Paulo resolvendo as pendências do ano. E quando eu não aguentava mais todo mundo me perguntando "e aí, acha que deu???", fiz minha mala e fui pro meu refúgio preferido do mundo.

Passei quase um mês em Camanducaia. Foi tão bom! Mas não só porque matei saudade dos meus primos e amigos e tive momentos, como sempre, muito loucos e engraçadíssimos. Esse tempo todo me fez perceber como a vida pode ser boa de um jeito completamente diferente do modelo de perfeição que eu tinha. Entrar na USP, fazer intercâmbio, ir pros EUA... isso é incrível. Mas morar numa cidade onde se pode confiar de verdade nas pessoas, onde não existe gente morando na rua,  onde todo mundo se junta na praça pra festejar qualquer coisa que seja, onde você não precisa ligar antes de ir na casa de alguém, onde você nunca se sente sozinho porque sempre vai encontrar algum conhecido na rua que vai te perguntar como vai a vida e a sua família, também é incrível. 

Na segunda feira, dia 9 de fevereiro, acordei as 11 e meia da manhã. Arrumei a casa, joguei fora as garrafas e latas de bebida que estavam espalhadas, levei a roupa suja pra Dona Ditinha, que mora na rua de cima, comi alguma coisa, tomei banho, e fiquei assistindo as fitas de Anos Incríveis, esperando a hora do meu primo chegar pra gente ir numa loja comprar coisas pro Carnaval. Ele chegou, eu abri o portão e fui procurar meu chinelo. Nisso, o telefone tocou. Era meu irmão.

"Anita, você viu que saiu outra chamada?" 
"Não, não vi"
"Você passou"

Sentei no chão. Terminei a conversa, desliguei, e comecei a berrar "RODRIGO, EU PASSEI!" 
"Na USP? Tá rica, hein!" (expressão atualmente muito usada por camanducaenses para falar de pessoas que passam por situações legais, tipo pegar alguém gato, trocar de celular, ou, no caso, passar na faculdade dos sonhos)

Naquela mesmo dia, fui pra academia com minhas amigas fazer aula de Zumba. Dancei com toda a vontade do mundo. O professor passou a coreografia de Na Batida, Piradinha, e mais uns axés muito bons. Toda a minha felicidade foi convertida em energia pra me acabar.

Voltei pra São Paulo no dia seguinte, no ônibus das 6:20. Encontrei meu irmão no metrô e ele foi comigo até a Secretaria de Educação pegar uns documentos. E hoje, fui com ele pra USP fazer minha matrícula. Ele me deixou na porta da Faculdade de Educação (meu novo lar <3) e falou "se vira, tô indo pra FEA, tô atrasado" hahaha. Mas deu tudo certo. Meu trote foi muito amor. Conheci três veteranas que pintaram meu rosto, escreveram "PEDAGO DO AMOR" e "FEUSP" nos meus braços, e também levaram eu e mais duas meninas pra festa da POLI. Comemos cachorro quente e ficamos um pouco lá conversando.

Na volta, passei na La Brea, a loja que eu trabalhei nas férias do ano passado (ops, retrasado). As meninas me viram toda pintada e foram correndo me abraçar. Fizeram a maior festa. Ai, foi tão lindo hahaha que saudade que eu tava delas! Em casa também teve festa. A Mary, minha vizinha/tia/segunda mãe, até chorou. Ah, e o telefone que não parou de tocar? E o Whatsapp? Os comentários na foto do Face e do Instagram? Até a primeira professora que eu tive na vida viu e me deu parabéns. Muito mais do que no meu aniversário. É emocionante ver outras pessoas vibrando com a nossa própria conquista.

E é isso. Agora aqui estou eu, com um baita sorriso no rosto, agradecendo por ter a vida que tenho e muito, muuuuito ansiosa para o que está por vir.