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Deve haver

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A luz do sol invadiu a frestinha da janela do quarto. O dia começou bem. Provou o vestido e mandou foto pras amigas. Leu pela milésima vez o texto do discurso e conferiu se não tinha mesmo nenhum erro. Marcou a consulta médica pra outra semana, porque naquela já sabia que todos os dias serão corridos. Fez a tradicional arrumação de guarda roupa e estante do primeiro dia de férias, mesmo estando cansada por ter passado a madrugada assistindo os três filmes preferidos. Diversão não cansa. O que cansa são cinquenta minutos de hidrostática, ou orgânica, ou genética, ou complexos. Mas naquele dia não tinha nada disso. O 1989 tocava no último volume. AND WE NEVER GO OUT OF STYLE, WE NEVER GO OUT OF STYLE OW YEAH. Todos os sonhos estavam se realizando. Até o que sempre pareceu impossível. Completamente impossível. O que fazia com que tudo ao redor parecesse enfim dar certo. Daí o telefone toca. E tudo muda. Não dá nem tempo de chorar ou pedir ajuda, porque nessa altura da vida a responsabilidade e o poder de decisão não cabe a mais ninguém. O cabelo está meio sujo, e no rosto não há ao menos uma camada de rímel. Mas não dá pra perder tempo. Lá fora deve haver alguma solução. Deve haver.

Família. Amigos. Compreensão. Parceria. Amor. Se você tem isso, tem tudo.

Sabe, nem sempre o que tem tudo pra dar certo realmente acontece. Talvez o que parece ser uma tragédia  seja só algo pra preencher a mente com pensamentos positivos e balançar um pouco o que estava em equilíbrio. Não dá pra ter certeza do que vai acontecer. E não necessariamente seguir os passos de outra pessoa faz com que se tenha o mesmo destino. Cada um tem um caminho. Não, não sei qual é o meu. Mas sei onde quero ir. Devagar eu chego lá.

Aquela cena que só aconteceu na minha mente

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que conhecemos tantas pessoas ao longo da vida? E por que só algumas delas se tornam presentes, às vezes pouco, às vezes um pouco mais, às vezes o tempo todo? E por que, meu Deus, por que existem momentos em que a única pessoa que é capaz de nos fazer sentir algo tão puro, tão raro, tão íntimo, tão lindo, também é capaz de transformar em algo tão questionável, tão imprevisível, tão dilacerante? Por que essa pessoa precisa se sentar em um dos bancos da praça que faz parte do caminho de todo mundo, como se morasse numa cidade do interior, como se aquela praça não fosse suja e cheia de pombos mortos de fome (quem dera só fossem os pombos), como se não tivesse hora pra voltar, como se não tivesse prova no dia seguinte, como se não tivesse nada pra fazer a não ser beijar aquela garota magra e linda, desnecessariamente linda, que usava aquele uniforme horroroso e mesmo assim continuava linda, como se não tivesse que esconder aquilo de ninguém, como se beijar uma garota dias depois de ter feito uma promessa para outra fosse algo totalmente normal e aceitável?
Como uma pessoa tão única consegue cometer um erro tão clichê?
E já que era pra ser clichê, por que não até o final?
Por que não foi atrás dela, por que não disse "não é nada disso que você está pensando", ou "me deixa explicar o que está acontecendo", só pra ela entrar no jogo e responder "você não precisa explicar nada, a vida é sua, faça o que quiser, eu cansei", sem parar de andar e ir embora sem olhar pra trás? Por que não a esperou no dia seguinte em uma esquina, uma escada, uma catraca? Ela é tão fácil de ser achada. Talvez tão fácil que ele deve ter achado que ela não é do tipo que fica achando o que não deve ser, nem hoje, nem nunca.

Ando vendo filmes demais.

Dicas pra Porto!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014


Antes da minha viagem, procurei várias dicas na internet. Não achei muita coisa, só uns vídeos de umas garotas mostrando a mala que iam levar, uns vídeos nos hotéis, ônibus e festas, e uns posts com fotos e alguns comentários da viagem. Mesmo com algumas dúvidas, deu tudo certo e a semana foi incrível mas, claro, se eu soubesse de algumas coisas antes, teria sido ainda melhor. E como a temporada de outubro começa agora nesse final de semana, decidi fazer esse post com algumas dicas e respostas pra frequentes dúdidas:

Lá tem wifi?
Eu fiquei no hotel Náutico, que é o maior e o mais famoso de todos do complexo da Forma. Lá tem wifi sim mas, sinceramente, só pegava bem mesmo no andar de cima hahaha.

Como é feita a escolha dos quartos?
A divisão é feita pelo próprio grupo, antes da viagem, mas é só quando faz o check in no hotel que se vê qual será o quarto. O nosso grupo tinha 11 pessoas e foi dividido em três quartos (dois com quatro pessoas e um com três). Eu fiquei com duas amigas, e pelo fato de só serem três pessoas, ficamos em um quarto no andar de cima, bem menor e beeem mais simples que os dos nossos amigos. Tipo, eles tinham uma TV de plasma enorme, enquanto a nossa era meio antiga. Mas... a gente tinha sacada! O Náutico tem uns quartos muuuito bons, mas também tem os simplesinhos. Vai depender da sorte mesmo.

É só axé o tempo todo?
NÃÃÃO! Em todas as baladas tocava de tudo! Até na balada sertaneja, teve uma hora que começou a tocar outros gêneros. Em algumas, tinha mais de uma pista, sempre tendo uma que tocava só eletrônica.

CHINELOS: é só isso que você vai usar, sério! A maioria das baladas são na areia, e mesmo as que não são, tem areia no trajeto. A única que não é legal ir de chinelo é a da espuma, porque escorrega. É melhor ir com uma sandália mais firme, mas que possa molhar (porque ela VAI molhar hahaha). Eu levei sapatilha pra usar no dia da Fantasy, mas acabei indo de chinelo mesmo. Na verdade, só usei sapatilha na ida e na volta hahaha.

BENJAMIM E TRANFORMADOR: Só tinha duas tomadas no nosso quarto, e só uma era ao lado da cama. Já imaginou a disputa, né? Eu esperava minha amiga dormir pra carregar meu celular, e quando ela acordava e via que eu tinha tirado o dela da tomada ela quase me matava hahaha. Sério, se a gente tivesse levado um benjamim teria sido muito melhor. E lembre-se: tomada lá é 220!

TESOURA: Sabe pra que? Customizar os abadás!!! A gente recebeu dois abadás, um pra Festa das Cores, que é exclusiva da Forma, e outro pros dois dias de micareta no Axé Moi (Banda EVA e MC Guimê). Lá tem umas mulheres que customizam e cobram cinco reais se for só pra cortar, e acho que dez ou sete, não lembro, se for pra colocar fitinhas nas alças. Fica bem bonitinho, mas EU acho que é algo desnecessário. Acho melhor levar tesoura e você mesma cortar.

SUPERMERCADO: tem um em frente ao Axé Moi, aceita cartão e tudo mais. É a glória. Na verdade, é um dos pouquíssimos lugares que aceitam cartão.

ÁGUA: você vai sentir MUITA cede. Sério, não só pela ressaca básica de todo dia, mas também porque lá parece uma sauna o tempo todo. No Náutico era três reais a garrafinha, mais ou menos o mesmo preço nos passeios. Então, a melhor coisa é comprar litro no supermercado, que sai beeem mais barato.

SONO: eu fico doente muito facilmente, e isso era algo que eu não sabia antes de ir pra Porto. Foi lá que eu descobri que, se eu não durmo e me alimento direito, minha imunidade cai. Se eu pudesse voltar no tempo, teria aproveitado melhor os momentos à toa pra dormir e descansar, pelo menos um pouquinho. Deixei de aproveitar um passeio (o do parque aquático) porque não estava me sentindo bem. Por sorte, minha amiga me deu um remédio e eu melhorei naquele dia mesmo. Falando em remédio...

ENFERMARIA: se tem um lugar que é sempre cheio, é a enfermaria do Náutico. Então, só vá pra lá se você realmente precisa de alguma coisa, porque não vale a pena perder tempo, nem que seja vinte minutos, na fila pra tomar remédio pra, sei lá, dor de garganta ou de cabeça. Antes de tudo, analise o que está te fazendo mal e veja se é mesmo necessário.

BEBIDAS: Não, eles não pedem RG em lugar nenhum, nem mesmo no supermercado, que é o lugar bom pra comprar em grupo. Só tem que tomar cuidado na hora de entrar no hotel porque, no Náutico pelo menos, às vezes tinha alguém fiscalizando (não era monitor da Forma, mas gente da equipe do hotel mesmo). Mas dai é só levar tolha e essa coisas pra esconder. Também fiquei sabendo de gente que colocou em garrafa de água e deu certo. Essa fiscalização da porta do hotel é algo que pra mim não faz sentido nenhum, porque os funcionários viam a gente bebendo lá na piscina e nos corredores. Se pode beber dentro, por que não pode entrar com bebida? Vai entender... Na porta de todas as baladas tinha barraquinhas vendendo de tudo, tudo mesmo. Desde as misturas tradicionais até umas muito loucas, com uns nomes bem bizarros que você só vê em Porto Seguro mesmo hahaha. Mas a mais famosa é a 10 Segundos, que é tequila com vodka e menta e, como o nome já diz, tem que ser tomado em até dez segundos. Os carinhas das barracas ficam gritanto "vai, vai, vai" enquanto a pessoa bebe. Cada drink custava, em média, quinze reais. Também tinham aqueles que vinham com o copo (mas acho que esses eram só dentro de algumas baladas), o que é legal pra guardar de recordação. Ah, também legal comprar caneca pra usar durante a semana e depois guardar. Eu comprei a minha na Passarela do Álcool, e veio com meu nome escrito.

ROTINA: Sábado e domingo são sempre dias livres, porque são dias de chegada e saída dos grupos. Nesses dias, podia ficar na piscina do hotel, ir pra praia, pro Axé Moi...  Nos outros dias, tinha um passeio, que saía umas dez, dez e meia da manhã, dependendo do horário grupo, o que era bem difícil porque eu ia dormir umas quatro. Mas os monitores passavam nos corredores, batendo de quarto em quarto perguntando se a gente já estava de pé, e cantando "porto todo dia, café, bolinho Ana Maria!" hahaha. E olha, mesmo se você estiver morrendo de sono e ressaca, não deixe de ir nos passeios do dia! Todos são únicos e muito legais.

MONITORES: são as pessoas mais legais, engraçadas e queridas. Muitos deles também foram pra Porto como passageiros, então entendem BEM o que a gente tá passando. Nas baladas, nos ônibus, nas refeições... sempre tem algum com alguma história pra contar e te fazer rir.

COMPRAS: pra falar disso, acho mais fácil contar o que foi que eu comprei. No passeio para a cidade história, visitamos um lugar onde vendia chocolate artesanal. Comprei duas caixas pra trazer pra minha família (que não duraram nem um dia aqui, o chocolate é muito bom MESMO). A Passarela do Descobrimento (do álcool) é dividida em duas: na primeira parte tem as barraquinhas e lojinhas de souvenir, e na outra, as bebidas. Eu comprei pouca coisa, só uns chaveiros e pingentes pra colar, minha caneca e, durante a semana, nas praias, algumas pulseirinhas e uma canga. Mas tenho amigo que comprou presentinho pra família toda, inclusive um berimbal! hahaha então, vai de cada um mesmo.

Dá pra se perder?
Olha, sinceramente, eu acho que é impossível. Assim que você chega, uma pulseirinha é colocada, cuja cor varia de acordo com o seu hotel. Nela tem, eletronicamente, todos os seus dados. Na ida e na volta dos passeios e baladas, um monitor passa o palmtop dele, registrando a sua chegada ou saída. Por isso que, de noite, não dá pra entrar em outros hotéis além do seu. Já nos momentos livres do dia, é tranquilo. É só não ficar bando bandeira com a pulseirinha porque, pela cor, dá pra saber se você é ou não daquele hotel.

É sério que eles ligam pros pais se o passageiro der PT?
PFFFFF. Isso é o que eles falam na reunião pra tranquilizar os pais. Mas olha, se você ou algum amigo seu passar mal por causa de bebida, não vá para a enfermaria. É melhor ir pro quarto e melhorar lá mesmo. E uma coisa:

Entre uma balada e outra, dê uma pausa! Sério, eu ia sempre pro quarto, bebia muita água e comia alguma bolacha que tinha comprado. Daí escovava os dentes, retocava a maquiagem e me sentia outra. E... não passei mal nenhum dia! Se fizer isso, vai aproveitar muito mais, acredite em mim. Muita gente fica direto, fazendo o esquenta do esquenta do esquenta, e acaba perdendo festa depois. Mas vai de cada um também né... se você acha que aguenta, vai fundo.

Na ida pra balada vai todo mundo junto, mas e na volta? Tem hora certa?
Não, e na verdade nem na ida tem. No hotel tem um telão que mostra os horários de saída do seu grupo, mas já aconteceu da gente deixar passar e ir em outro ônibus, ou então de ir outras pessoas no nosso lugar e não ter lugar pra gente haha. Nesse dia, ficamos esperando um ônibus que veio vazio, só pra nós 11 hahaha.
Quando você quiser ir embora pro hotel, é só ir pra porta e falar com um monitor. Sempre vai ter um lá. Aliás, em TODO lugar em monitor. Então, ele vai falar o lugar pra você esperar o próximo ônibus da Forma. Em todos os dias, eu não tive que esperar nem dez minutos. O ônibus vai parando de hotel em hotel e deixando os passageiros. O Náutico era sempre o último, porque é o que fica mais longe.

Pra finalizar: Eu sei que é clichê, mas aproveite cada segundo. Se alguma coisa, qualquer que seja, não sair como você esperava, pare e pense "foda-se, eu tô em Porto". Dance, grite, beba, conheça gente nova, mas, principalmente, valorize as pessoas que estão ao seu redor, os seus amigos de verdade. Porto me fez perceber o quão incríveis minhas amigas são. Vocês vão lembrar dessa semana pra sempre. 

O que Porto fez mudar

segunda-feira, 18 de agosto de 2014



A melhor viagem da sua vida não é a mais distante, mais longa, mais cara... É a mais sonhada.

Não foram só oito dias. Foi primeira reunião, as milhares de vezes que assisti a web série da Forma, as compras feitas, a ansiedade que vinha quando alguém falava "gente, faltam X dias!!!"... e quanto mais a gente olhava o Instagram do pessoal que estava lá, mais a nossa vez demorava pra chegar.
Mas chegou. E deu tudo mais do que certo, graças a Deus.

Lembro que fechei minha mala às oito da noite, ainda com aquele medo de estar esquecendo alguma coisa (mesmo depois de ter conferido inúmeras vezes) e não sabia mais o que fazer. Consegui dormir da uma às três, e saímos de casa quase quatro da manhã. Minha mãe me deixou na porta do aeroporto de Guarulhos. "Olha lá os amarelinhos, filha. Segue eles!" Achei meus amigos, fiz check in e, em um pouco mais de uma hora, a gente já estava no céu. E em um pouco menos de três horas, na Bahia!

Nunca senti uma semana passar tão rápido quanto essa. Eu já sabia que essa viagem ia ser incrível, mas não tinha noção do quão surpreendente poderia ser. Sério. Eu achava que ia conhecer muuuita gente e que não ia ficar um segundo parada. Mas o que aconteceu foi que eu descobri que já tinha pessoas maravilhosas do meu lado, e que ficar parada com as companhias certas é a melhor coisa do mundo.

Desde que voltamos, em algum momento do dia, lembramos de alguma coisa que vivemos lá. E desde que voltamos, vivemos muita coisa aqui graças ao que vivemos lá. Os momentos que já eram bons se tornaram ainda melhores. E os difíceis, que muitas vezes eram individuais, hoje são compartilhados, completados com tentativas de conforto e ajuda.

Passeios, baladas, trajetos nos ônibus, esquentas, conversas com monitores loucos (quando quem tava louco era a gente mesmo),  jogos da copa, roubos de água no café da manhã, momentos à toa, UFC no colchão, alucinações, áudios enviados em momentos não tão adequados, os gritos de "chupa Laércio", confissões inesperadas, meus tombos, minha voz que sumiu, conselho, consolo e carinho nos meus momentos de drama, minha barriga que doía de tanto rir porque TUDO era motivo de zoeira e cantoria.

Eu disse que cada detalhe de cada momento iria ficar guardado. Mas hoje, mais de um mês depois do nosso retorno, eu vejo que esses detalhes estão sendo usados para a construção de novos momentos. E é por isso que quando eu penso naquela semana, não sinto nenhuma saudade desesperadora. Sinto uma sensação de realização e muita, muita gratidão.


Férias e... Porto!!!

sexta-feira, 27 de junho de 2014

 
Um mês sem entrar na sala 55!!! Um mês sem correr toda manhã pra não pegar o terceiro atraso, um mês sem palestras do ENEM, um mês sem aulas eternas de Física 2!!!
Calma, eu garanto (e espero, muito mesmo!) que em grande parte do tempo de férias eu vou estudar. Mas só de pensar que posso perder -pela milésima vez- a chave do armário em qualquer canto porque, simplesmente, não vou precisar dela durante um mês, eu me sinto tão mais feliz. Hahaha. Mas sabe por que eu tô feliz mesmo? Porque depois de amanhã a gente vai pra PORTOOO!!! Ainda não tô acreditando. Oito dias com meus amigos em um estado diferente, para o qual eu nunca fui. E não é qualquer lugar. É Porto! Hahaha. A gente vai com a Forma - óbvio- no domingo, às 6:50 da manhã. Só acho que nem vou dormir na noite anterior hahaha.
Quero deixar tudo registrado aqui. Então, pra começar, aí vão as baladas da semana:
 
 

Era rodeio

segunda-feira, 23 de junho de 2014

É difícil escrever quando não se tem certeza do que aconteceu. Ou do que está acontecendo. Na verdade, eu nunca sei o que acontece. Mas deixa. Eu me viro. Eu vou levando. Ou me deixo ser levada.

Ok. Eu lembro que estava frio. Cada partezinha do meu corpo tremia. Isso foi depois de ter gritado cantado bem alto o refrão da música que eu não parei de ouvir a semana toda, depois de ter dançado até meu pé não aguentar e depois de todos os efeitos de tudo que coloquei dentro de mim passar. Daí eu sentei e esperei o tempo passar, até outro coisa começar a fazer efeito em mim. Você.

Tá. Eu lembro que o frio passou. Cada partezinha do meu corpo queria mais. Isso foi depois de eu ter fingido que não era comigo, depois de ter te dito que não podia e depois de ter ignorado qualquer pensamento que me fizesse pensar duas vezes. Daí eu fui e fui até não dar mais pra voltar. E foi.

Bom. Eu lembro que voltei pra casa e não tinha ninguém pra conversar. Cada partezinha de mim se sentia só. Isso foi depois de eu ter me despedido de todos os meus amigos, de ter agradecido a carona e de ter jogado as chaves no sofá. Daí eu senti vontade de me jogar em qualquer abismo que me trouxesse alguma resposta. Mas não deu.

Tudo bem. Eu ainda não tenho nenhuma resposta. Mas cada partezinha de mim parece que gosta de carregar todo esse mistério. Paciência

Enquanto eu te olho

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Você me perguntou o que eu estava pensando enquanto te olhava. Eu disse que não era nada. Mas é porque todo o meu vocabulário é reduzido a nada toda vez que você me encara daquele jeito. Então aqui estou eu tentando te dar uma resposta que consiga solidificar pelo menos metade da metade de tudo que vem na minha cabeça toda vez que te olho.

Eu vejo alguém com uma coleção de memórias maior do que a minha de sonhos. Alguém que já descobriu o que sabe, gosta e quer fazer pro resto da vida. Alguém que conhece muito do que eu nunca tinha ouvido falar, e nunca tinha ouvido falar do que eu mais conheço. Alguém que já tem grande parte do tempo e do espaço preenchida, mas que ainda me faz sentir que há vazio onde sou bem vinda.

Às vezes eu dou risada. Tá, na maioria das vezes eu dou risada. Mas não é porque o que você fala é engraçado. Eu encontro graça é na sua tentativa fofa de me fazer rir. E no sorrisinho que dá enquanto espera minha reação. E quando explica várias vezes até ter certeza de que eu entendi. Eu sempre entendo. Só não entendo todo esse seu zelo que parece não ter fim.

Admito que tenho uma série de defeitos, mas também sei reconhecer minhas qualidades. A maioria delas muita gente me diz. São sempre as mesmas coisas. Mas você reparou em algo diferente. Não está do lado de fora e eu nunca me esforcei para demonstrar, porque nunca passou pela minha cabeça que fosse algo, sei lá, notável.  

O que mais eu penso quando te olho? Penso que não adianta eu parar de pensar, porque você me prende de uma forma totalmente inconsciente. Na verdade, sempre me prendeu. A diferença é que agora eu acho que também prendi você.

Quando eu perdi meu ônibus

domingo, 20 de abril de 2014

-Pro ônibus das seis não tem mais não, moça. Agora só às sete e quinze
-Tudo bem então...
-É uma só, moça?
-É sim
-Tá aqui... Boa viagem!
-Obrigada

Senti tanta raiva! Sempre cheguei meia hora antes e consegui passagem. E lá fui eu procurar um lugar pra sentar e passar os meus 105 minutos seguintes. A rodoviária estava lotada. Tipo, muito mesmo. Um monte de gente diferente andando de um lado para o outro. Não que isso fosse estranho pra mim. Era impossível contar a quantidade de vezes que eu já tinha passado por lá. Mas talvez fosse a primeira em que eu parava de pensar no que (ou em quem) me esperava e começava a reparar no que (ou em quem) estava ao meu redor.

Mesmo sem óculos, enxerguei um lugar vazio. Do lado direito, uma mesinha. Do esquerdo, um cara estava sentado. Lendo. Com uma mala enorme ao lado.

Sentei. Coloquei os fones de ouvido. Respondi o Whatsapp. Lembrei de mandar mensagem pro meu pai avisando que eu não iria pra casa dele no feriado. Tentei abrir o Snapchat e o Instagram, mas a internet do meu celular estava péssima. O Vidas Secas estava na bolsa, mas aquele era um livro que, pra mim, exigia um pouco mais de concentração. Não ia adiantar nada pegar para ler. Pensei em ir até a livraria da rodoviária comprar uma revista mas, quando tirei os fones, ele falou comigo.

-Que horas são?
-18:07
-Obrigado

E voltou a ler. Foi então que uma sequência de pensamentos se iniciou em minha mente.

“QUE. SOTAQUE. FOFO! Ele é do sul, com certeza. Será que veio pra São Paulo estudar?  Se for isso, deve ser da USP. Ninguém sai da própria cidade pra fazer uma faculdade qualquer... E quem pergunta a hora hoje em dia?  Será que ele não tem celular?  ou será que está sem bateria? Que livro é esse que ele está lendo?  Ai, parece que eu já vi em algum lugar...”

-Vou ali comprar uma água, olha minhas coisas pra mim?
-Tudo bem

“Pera, é isso mesmo? Ele nem me conhece e deixou essa mala gigante pra eu ‘olhar’? Ninguém ensinou ele que não se deve confiar em estranhos? Fala sério, isso a gente aprende até na novela. Vai ver não tem nada de valor aí dentro. Ou então ele é do tipo que não liga pra coisas materiais. Engraçado, o livro ele levou. Deve ser pra ler na fila do caixa. Ah não, acho que nem tinha fila. Olha ele voltando...”

-Obrigado
-Por nada...
-Você também vai no das sete?

"Será que ele acha que só tem um ônibus que sai as sete horas?"

-Não, o meu é às sete e quinze.
-Ah, sim. Eu vou pra Lages, Santa Catarina. E você?

Tive que repetir umas quatro vezes o nome “Camanducaia” até ele entender. Ele perguntou se fazia frio lá, porque na cidade dele estava muito frio. Sem eu perguntar nada, contou que não tinha conseguido passagem de avião, por isso estava indo de ônibus. Era meio difícil entender o que ele falava. Era meio pra dentro, e bem rápido. Mas era legal. E quando ele parou de falar, fiquei tentando encontrar algo pra continuar a conversa. Olhei pro livro.

-Que livro é esse?

Ele me mostrou a capa. Era o Morte Súbita, da J.K. Rowling.

-Ah, é da autora de Harry Potter!
-Sim... você já leu?
-Harry Potter? Sim, todos

Precisei mentir. Na verdade, eu só tinha lido o primeiro e metade do segundo. É que foi na época em que eu descobri Meg Cabot. E depois de Meg Cabot, qualquer outro livro da "literatura estrangeira juvenil” tinha perdido a graça.

-Eu também. Esse aqui é mais adulto. Harry Potter até tem um vocabulário um pouco exigente, mas nem se compara com esse aqui

“Nossa, então tá”

De volta ao silêncio. Esperei alguns segundos. Ele voltou a ler. Olhei a hora e vi que ainda faltava muito tempo. Aumentei o volume da música e fiquei olhando pro nada. Mas não tanto, para o caso de ele falar mais alguma coisa. E foi o que aconteceu.

-O que você tanto ouve?
-Manu Gavassi, não sei se você conhece...
-Ah, é uma que tem a voz bem fofa e que canta músicas bem... fofas?

Pá. Sorri por dentro, e depois por fora. Aquilo era algo muito raro de se ouvir. Raro não, único. Concordei com a cabeça. Senti vontade de dar um fone pra ele ouvir também, mas achei melhor não.

Nenhum dos dois disse mais nada. Quando deu o horário ele se levantou, pegou a mala e sorriu. E foi o que eu fiz também, enquanto o acompanhava com o olhar até vê-lo sumir na multidão.

Nossa História

quarta-feira, 9 de abril de 2014


Eu nunca contei pra ninguém
Mas na verdade a nossa história
Já existia dentro de mim
Muito antes do primeiro sim
E achei melhor não te contar
De todas as coisas que eu imaginei
Que um dia a gente fosse viver
Muito antes de eu te perder

Muito antes de eu perceber
Que não valia a pena me enganar
Porque uma hora você ia embora
E nunca mais ia voltar

Você não disse não, mas também não disse sim
E acabei me convencendo que ia ser melhor assim
E realmente até que foi bem mais fácil só fingir que nada aconteceu
E eu entrei no seu jogo e tentei me acostumar
Mas o tempo passou e aqui estou eu a lembrar
Lentamente a gente foi se afastando até que um dia tudo se perdeu

E ficou pra trás
E ficou pra trás
E agora não volta mais

Eu sempre fui de fazer planos
Mas em nenhum deles você
Era quem desistia de se desculpar
Muito antes de ao menos tentar

Muito antes de eu perceber
Que não valia a pena me enganar
Porque uma hora você ia embora
E nunca mais ia voltar

Você não disse não, mas também não disse sim
E acabei me convencendo que ia ser melhor assim
E realmente até que foi bem mais fácil só fingir que nada aconteceu
E eu entrei no seu jogo e tentei me acostumar
Mas o tempo passou e aqui estou eu a lembrar
Lentamente a gente foi se afastando até que um dia tudo se perdeu

E ficou pra trás
E ficou pra trás
E agora não volta mais
Porque eu já encontrei
Um outro alguém

Show da Manu Gavassi + Meet and Great no Teatro Bradesco

segunda-feira, 7 de abril de 2014

 

O dia 6 finalmente chegou. Sempre fico muito ansiosa para ver a Manu, mas dessa vez foi diferente. Eu não sabia o que esperar. Seria um show totalmente diferente de todos os outros. Pra começar, o lugar. Já tinha assistido musicais no Teatro Bradesco e nunca imaginei que um dia seria a vez da Manu de subir naquele palco. As músicas. Gosto de todas do primeiro álbum, mas quando comecei a ouvir elas já tinham sido lançadas. Diferente do Clichê Adolescente, que eu contei os dias para ouvir. Por isso que ele é mais especial pra mim. E por isso que esse show foi tão, tão, TÃO, incrível.
As coreografias. Os vídeos no telão. As lágrimas que ela derrubou. As bexigas de coração que a gente levantou em Segredo. Os papéis picados que caíram. Sem contar a alegria de encontrar as meninas de sempre. Foi tudo perfeito, e eu só tenho a agradecer e desejar que momentos assim nunca deixem de fazer parte da minha vida.

 
As fotos de cima foram tiradas com a minha câmera e editadas no Pixlr.

Por fim, a foto tirada pelo fotógrafo do Meet and Great. Foram só alguns segundos, mas o que ela me traz é sempre tão intenso. O frio na barriga e o pensamento nas coisas que vou dizer. Ser recebida pelo sorriso e o melhor abraço. Ouvir coisas que nunca mais vou esquecer. Assim como tudo que vivo com ela, por ela, e por causa dela. Tipo ter conhecido meninas como eu, e que hoje são minhas amigas.


 
 

Um. Dois. Três. Agora.

sábado, 5 de abril de 2014

Estou sentada no lugar onde a dúvida foi transformada em certeza, abrindo espaço para novas dúvidas.

Tem um monte de gente aqui, mas eu me sinto tão sozinha. Na verdade, depois que meus melhores amigos deixaram de fazer parte da minha rotina escolar, todos os almoços foram assim. O único em que eu me senti realmente completa foi quando você me mandou aquela sequência de mensagens que fez tudo mudar. O meu humor, a velocidade das batidas do meu coração e a os planos existentes na minha mente.

Nossa, posso mandar todo mundo calar a boca? Cada vez que me dou o trabalho de tirar os fones de ouvido sinto vontade de sair correndo. É tanta reclamação desnecessária. Tanta conversa sobre nada. Tanta risada forçada. E não há nada que me irrite mais do que isso. Já diz aquela música "que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero". Aquela música que eu ouvi com você do meu lado.

Lembra o que aconteceu depois? Chegou a hora acordar e ir embora. Pra longe. Pra vida. Que vida? A minha? Não, não seria mais a mesma sem você. Minha vida agora tinha nome e sobrenome. Só que metade disso eu não sabia. Mas eu sabia o que deveria fazer. Então fiz.

Voltei. Achei que nunca mais fosse te ver. Passei três dias na bad. E que bad. Todo mundo te conhecia, mas ninguém sabia me dizer. Todo mundo me entendia, mas ninguém sabia o que me dizer. Teria durado muito mais se não tivesse acontecido o que aconteceu. 1- Login. 2- Carregou na tela. 3-o mais demorado- carregou dentro de mim.

Você disse exatamente o que eu estava querendo te dizer desde o primeiro dia. Desde o primeiro segundo. Quando a vida, que já era repleta de sonhos e motivos, ganhou um sentido a mais.

Alguns dias se passaram, e você mesmo tão longe se tornou cada vez mais presente. Completou os meus momentos de solidão com palavras que me deixavam sem palavras. Me inspirou. Me tirou o sono. Pela simples alegria que era ficar acordada.

Senti que valia a pena. Fiz as malas e fui em sua direção. Tudo me fazia ficar meio hipnotizada. Sua voz, seu toque, seu cheiro. Cada detalhe que eu esperei por tantos dias. Mas antes mesmo do sol nascer, foi a sua vez de fazer as malas. E levou junto o sentido de tudo aquilo. Nunca me senti tão sozinha quanto naquele amanhecer. A mesma música ficou tocando enquanto eu decidia o que iria fazer. Até que ela foi interrompida por uma ligação.

Ah, como é bom perceber que certas coisas nunca mudam. Como é bom ter amigos com o dom de trazer felicidade sem se esforçarem. Uma volta de carro pela cidade com teto solar aberto e sertanejo no último. O melhor açaí do mundo com muito leite condensado. Piadas que nunca perdem a graça. Companhia até o último segundo. Tchauzinho pela janela do ônibus. Coração bagunçado, mas alma feliz.

Tudo aqui continuava igual. O despertador que toca às seis, a catraca que cobra um e cinquenta e a ordem das aulas do dia. Mas é claro que a noite ia chegar. E chegou, junto com a saudade e a solidão. O que não chegou foram as suas palavras que costumavam me acalmar, e o sono pra me desligar pelo menos por um tempo. 

Continuo ligada.

Em 2010, 2011, eu passava horas no Twitter vendo aquelas famosas frases sentimentais. Tipo "Um dia alguém vai passar com o meu perfume e você vai lembrar de mim". Achava que era coisa de filme. Mas não. Aconteceu. Ontem mesmo, voltando pra casa, depois de mais um dia longe de você. Obrigada, destino. Me fez passar pelo lugar certo na hora certa pra me fazer cair na real. Bem que meu professor de biologia falou que cheiro e memória se processam em regiões próximas do cérebro. 

Agora estou longe de tudo que me estressa. Acho que é a hora. Não pensei em nada pra dizer e não sei se consigo ser completamente sincera. Mas eu sei que não aguento mais esse silêncio.

Já é tarde, mas não feche os olhos ainda. Diga boa noite pra todo mundo, mas continue aí. Digite os quatro números e siga os três passos de sempre. Um por um. Relaxa, você sabe que eu nunca tive pressa. E quer saber por que? O nosso tempo não é só hoje não. É sempre. Sem-pre(ocupações). 
 
 

Soneto do Amanhecer

quinta-feira, 27 de março de 2014



Você tá sem coragem de me chamar
E eu tô sem coragem de te avisar
Que eu já esqueci
Tudo que me fez chorar naquele amanhecer

A noite chega com a vontade de te abraçar
E vai embora com a vontade de te provocar
Mas eu já decidi
Não vou ficar aqui vendo tudo se desfazer

Não importa quem foi que errou
Não importa o que foi que nos separou
Eu não quero que isso seja o fim

Todo mundo pode ver o me causou
E dizer que foi só o tempo que mudou
Mas só eu sei o que significa pra mim

o que você tem me causado :

segunda-feira, 10 de março de 2014

Você tá me rendendo muito mais do que as milhares de palavras que eu ando escrevendo em todo lugar.
Você tá me tirando muito mais do que o sono em cada noite que eu deito e me esforço para não pensar.
Você não tem noção do que acontece em cada vez que me manda um sinal de que também não consegue esquecer.
Você não tem noção da vontade que eu sinto de viver tudo de novo e bem mais cedo te fazer perceber.
Mas pensando bem eu sei que nunca vai ser tarde para nós
Porque o que eu ia te dizer você já disse pra mim e nem por isso deixei de usar minha voz

A minha felicidade

domingo, 9 de março de 2014



Ouvir exatamente o que eu estava querendo dizer. Sair de casa sem saber o que me espera. Quando eu sonho e acontece. Matar saudade. Abraço apertado. Perfume que fica. Dividir o fone de ouvido.

Ouvir minha mãe tocar piano na sala. Almoços na Tia Mena. Brincar com a Helena. Ficar conversando no quintal do meu pai. Estar com meu irmão. Quando a minha vó volta de Portugal. Quando a Dona Ninfa entra sem bater.

Camanducaia. Praça. Ser eu mesma. Crepe do Bosque. Sorvete de choco menta da Pingo no Í. Andar a cavalo. Conhecer gente que me conhece. Sair sem nada na mão. Voltar com o coração na mão.

Dançar - seja de longo, de colan, de abadá, de salto, de tênis, de sapatilha, com alguém que eu ame, com qualquer um, sozinha, em cima de um palco, na pista, até o chão, ou na frente do espelho. 

Áudio no Whatsapp. Piada interna. Pessoas que moram longe e mesmo assim são presentes. Cartinha. Música nova pra ouvir. Texto novo pra ler. Vídeo novo pra ver.

"Sua compra foi realizada com sucesso. A senha para retirada do ingresso é...". Fila de show. Musicais. Gritaria. Ser reconhecida. Conhecer gente como eu.

Estrada. Praia. Marquinha. Sotaques. Café da manhã de hotel. Por do sol.

Meu quarto limpinho e arrumado. Cheiro de livro. Cheiro de esmalte. Bala de goma. Ver a Dalila quietinha me olhando.

Violão. "Canta?". 

Lembrar que todas as últimas coisas que comprei foram com dinheiro do meu trabalho. Passar na La Brea pra ver as meninas.

Voltar da academia pingando. Andar de patins. Andar de bicicleta. Apostar corrida. Nadar.

Tirar fotos. Gravar videos.Comprar coisas de papelaria. Escrever e me sentir melhor. Respirar fundo e enviar.

Risadas na sala 55. Entender. Acertar. Stop. Bilhetinho. Snapchat. Sexta temática. Churras. "Perfeito?".

Quando eu não desisto. Quando não desistem de mim.

30 DWC 5 - inspire-se na sua música preferida - The Way I Loved You (Taylor Swift)

sábado, 8 de março de 2014


Eu escrevo pra você. Ele é o primeiro que escreve que amou.
Ele espera eu chegar. Você espera e vê até que ponto eu chego.
Ele paga pra mim. Você paga pra ver.
Ele me manda uma rosa e eu perco a fala. Você me manda parar de falar.
Ele me traz tranquilidade. Você me traz interrogações.
Ele me deixa até que feliz. Você me deixa te esperando. 
Ele segura minha mão. Você me gira e a gente dança até a música acabar.
Ele me dá um tempo pra pensar. Você me dá vontade de nunca mais voltar pra casa.
Ele pergunta se tá tudo bem. Você sabe exatamente quando tudo fica bem.
Ele quer saber de mim. Você quer saber se tem mais alguém aqui.
Ele não sai nunca. Você não sai nunca. De mim.



Em algum lugar longe daqui

sexta-feira, 7 de março de 2014



Coloquei os fones de ouvido e deitei a cabeça sobre a mesa. Chequei o celular mais uma vez. Nada. Fechei os olhos e comecei a lembrar de tudo que vivemos. Do primeiro olhar ao último beijo. Do "não tô olhando pra sua amiga, tô olhando pra você" até o "a gente se fala pelo celular". Das luzes piscando, até a luz apagada.

Já lavei o cabelo duas vezes, mas seu perfume não sai de mim. Talvez seja alucinação. Tipo quando chupei o último Halls de cereja que você deixou em cima da mesa de cabeceira e senti o gosto da sua boca. Ah, garoto. Você deixou muito mais que isso. Muito mais do que pensa.

Não sei onde eu estava com a cabeça quando disse que você não precisava se preocupar. Você não sabe, mas enquanto eu repetia a sequência "Relaxa, pode ir, vou demorar pra arrumar tudo, eu me viro, vou sozinha" estava tentando enganar muito mais a mim do que a você. Não funcionou. Você viu que eu já estava com a mala pronta. Mas eu não vi que já estava com saudade de você.

Sabe o que mais mexeu comigo? Quando você disse exatamente o que eu estava com vontade de falar. Isso é raro. Você mesmo usou essa palavra. Três segundos antes de fechar os olhos e voltar a me beijar.

Agora eu abro os olhos e você está em algum lugar longe daqui. Fazendo alguma coisa que eu não tenho ideia do que seja. Eu estava tão indiferente... até me dar conta de que a nossa realidade é diferente. Incomparável. E aqui estou eu esperando uma droga de aula começar escrevendo no papel da proposta de redação. Nem li. Deve ser um tema idiota que já caiu em uma porção de vestibulares. Foda-se. Querido corretor, no momento só consigo encontrar argumentos para defender minha própria tese: distância é uma merda.

Elevador

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Nos conhecemos no elevador. Difícil saber qual dos dois estava mais atrasado. Eu segurava o celular, fone e bilhete único com uma mão e tentava fechar a bolsa com a outra. Ele abriu a porta, colocou uma pasta para segurar e voltou pro seu apartamento para tranca-lo. Nem percebeu minha presença.
Fiquei olhando para aquela pasta. Três meses de La Brea - é assim que comecei a avaliar o preço das coisas depois do meu primeiro emprego. Preta. Couro, com certeza. Aprendi a distinguir com meu avô. Minha vontade foi chuta- la pra fora e descer. Segurar a porta do elevador é tipo parar em fila dupla. Vantagem pra um, atraso de vida pra cinquenta. No caso era só pra mim. E também não era bem um atraso se vida. Era só na primeira aula. Mas só comecei a pensar dessa forma quando decidi dar mais cinco segundos de tolerância e, no 2, ele entrou. E percebeu que eu estava ali.

-Desculpa
 

Que voz doce. Que cheiro de café. Sorri.

-Bom dia

Ele sorriu. Olhou pro meu fichário.

-Faculdade?

-Ano que vem, espero!

-Aproveita. Passa tão rápido...

-É o que todo mundo diz. "Os melhores anos da vida..."

-Ah, isso eu nao concordo. Pra mim, a melhor época da vida é sempre o presente.

T

Ele abriu a porta e segurou enquanto eu saia. Deu pra sentir o cheiro do seu perfume.

-Boa aula

Não consegui responder. Entao eu só sorri.
E fui embora.
E passei o dia com aquilo na cabeça.

Isso foi numa sexta feira. Na primeira manhã de chuva do ano. Era o penúltimo dia do horário de verão. E foi o último dia em que eu saí de casa pra só viver mais um.



Enquanto a gente cantava

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A gente descobriu junto que o meu tom é dó
E agora eu descobri que não sei mais ficar só
Foi mais forte que qualquer coisa que eu imaginei

Eu não consigo esquecer o som da sua voz
E as palmas que depos bateram para nós
E tudo aquilo que até parece que eu inventei

Eu espero que você não esqueça
E saiba que não importa o que aconteça
Eu vou estar aqui

Pode chamar que eu vou, não importa onde for
Porque eu sei que com você não vai ter dor
Isso eu já percebi

Então me deixa terminar aquele seu refrão
E depois entrar de vez no seu coração

Porque enquanto a gente cantava
Eu me sentia realmente em casa
E naquele silêncio de cidade pequena
Eu eu tive a certeza que você valia a pena


Escolhas | 30 DWC 4 - apenas diálogos

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

 

-Adoro esse lugar
-Eu também. Mas me traz algumas lembranças que eu queria esquecer.
-Pra mim também.
-É engraçado, né? Quantas vezes será que já viemos aqui em situações diferentes, com pessoas diferentes?
-Quantos copos já foram guardados e depois destruídos?
-Que mania é essa que a gente tem de tentar fazer com objetos o que queremos fazer com nossos sentimentos?
-Mas e quantas vezes já viemos sozinhas, apenas pra pensar e deixar o tempo passar?
-Ou pra fugir...
-Pois é... por que será?
-É simples. É lindo. E dá a sensação que não estamos na nossa cidade. Ou sou só eu que sinto isso?
-Não, eu também.
-Parece que os problemas ficam lá embaixo. Alguma coisa os impede de subir
-Gosto do fato de não encontrar ninguém conhecido
-De não ter que dar explicação...
-De não ter que forçar sorriso...
-De não ter que fingir que está tudo bem...
-De poder ignorar o celular...
-Falando em celular, o seu tá piscando faz um século
-Depois eu vejo
-Olha... não vai fugir. De novo.
-Não estou fugindo. Não estou indo pra lugar nenhum. Nem pra perto, nem pra longe. Estou onde sempre estive.
-Ué, mas aqui não era o lugar de fugir?
-Sem graça agora. Sério, só tenta deixar claro, tá? Não custa nada.
-É difícil fazer qualquer coisa quando não se sabe o que quer
-A gente sempre sabe o que quer. No fundo, no fundo, sempre sabe
-Isso vindo de uma garota que prestou cinco vestibulares diferentes...
-Coração e carreira profissional só criam algum tipo de ligação pra pessoas de humanas como você
-Não sei qual das duas é a pior. A guru do amor ou a que leva tudo a sério
-Quem disse que eu levo tudo a sério?
-O risoterapeuta disfarçado que eu contratei pra você.
-Ai, como vocês são retardadas hahaha

-Meninas, tá tarde... Vamos?
-Sim. Mas antes vamos prometer que, da próxima vez que viermos aqui, vamos estar com todos os problemas que foram falados hoje muito bem resolvidos?
-Eu não chamaria de problemas... Mas tudo bem
-É... eu chamaria de... impasses
-Contratempos
-Empecilhos
-Gente, desculpa, mas tudo isso são sinônimos
-É que... a palavra "problema" assusta
-E não é o caso de trocá-la por "desafio"
-Por isso mesmo que são muito mais fáceis de resolver. Por isso mesmo que não exige tanto esforço. É só uma questão de fazer as escolhas certas. Das mais simples às que podem mudar tudo. E se não forem feitas, tudo bem. A gente tem a vida toda pela frente.
-E querem saber? Lembra quando diziam pra gente que problema era coisa de gente grande? Que nada... A gente não vira gente grande quando a gente vira grande. Mas quando as escolhas viram grandes, no sentido de não serem voltadas somente para nós. Escolher entre brincar de Polly ou desenhar. Escolher entre ignorar algo que pode fazer toda a diferença...
-Ou simplesmente dizer sim.

O que tem na minha bolsa / material escolar 2014

domingo, 26 de janeiro de 2014

 
 
Antes de tudo, posso confessar uma coisa? Sempre quis fazer um post assim! hahahaha
Agora vamos lá:

✮ Mochila - Renner da Paulista. do modelo que eu queria, na minha cor preferida, e era a última!
✮ Fichário - Kalunga. gostei dele por causa dos lacinhos e por ser preto
✮ Óculos de grau (tenho miopia e não consigo enxergar nada na lousa sem meus óculos - e não vou deixar de sentar no fundo por causa disso hahaha) e óculos escuros (sol do meio dia não faz nada bem)
✮ Nécessaire - veio em um kit com mais três, de tamanhos diferentes. o que tem dentro tá na foto ali em baixo
✮ Garrafinha de água - dá pra tirar a parte do meio e colocar no congelador :)
✮ Caderninho da linha Neon, da Tilibra - sempre bom pra anotar e escrever tudo o que for preciso
✮ Estojo prateado da Trousses - escolhi o prata pra combinar com o fichário, mas acho que nem dá pra perceber haha
✮ Carteira vinho da Kipling
 



Sim, o meu caderno é do One Direction :) e eu coloquei uma foto da Manu e da Bruna no bolsinho transparente do fichário





✮ Escova, pasta e fio dental #porquené
✮ Creme hidratante para mãos - Natura
✮ Base (que eu uso como corretivo porque é bem clarinha) com espelhinho - Avon
✮ Rímel - L Oreal
✮ Gloss - Mary Kay
✮ Perfume roll on - Forever 21 (amor eterno por esse perfume *-*)
✮ Elástico de molinha pra prender o cabelo (sempre bom :)


✮ Canetas coloridas, marca texto, lápis (não gosto de lapiseira não), apontador, branquinho, borracha e uma lixa de unha.
 
Boa volta as aulas e estudem direitinho! hahaha ♥
 

Sobre o 30 Days Writing Challenge

sábado, 25 de janeiro de 2014

pedacinho da minha estante (só pra o post não ficar sem foto :)
Comecei o 30 Days Writing Challenge e falei que iria cumpri-lo até o final.

Eu vou. Só que não agora. Não do "jeito certo". Os dias (e as noites) de janeiro passaram voando e eu não fiquei muito tempo a toa no computador como achei que iria ficar. E quer saber? Ainda bem! Então vou escrevendo e postando à medida que eu tiver tempo e, principalmente, vontade.

Cantinho. 30 DWC 3 - descreva um lugar

sábado, 4 de janeiro de 2014

 
Quatro paredes. Poucos metros quadrados. É praticamente um depósito. Um depósito de quase tudo que faz parte de mim e me define. Tudo tem uma história e uma função. É acolhedor e traz sensação de proteção, independente do que esteja acontecendo dentro ou fora dele. Tem dias que só quero ficar aqui, deixando o tempo passar e levar embora o que for preciso. Tem dias que invento qualquer desculpa pra sair e (vi)ver o que se passa do outro lado. As vezes é silencioso, outras barulhento, seja por causa da música alta, ou das risadas. É só meu desde 2006, mas quase nada que o compõe dependeu só de mim para existir. Tipo uma mistura de coisas materiais e de sentimentos que se transformaram. Coisas que vieram com a vida.

O último dia com ela ♥ 30 DWC 2 - um dia que marcou

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014


Hoje acordei antes do sol, com minha mãe tentando me dar uma notícia. Minha tia Cida faleceu. Ela tinha ido pro Hospital das Clínicas um dia depois do Natal. Eu não estava preocupada porque não era a primeira nem segunda nem terceira vez que isso acontecia. Quando eu nasci ela já tinha um rim transplantado e vivia com outros problemas que eu nunca soube o nome. Criança né, pra que explicar? Ela passava uns tempos mal, as vezes semanas, as vezes meses, mas sempre melhorava e logo estava de volta pra gente.
 
Sempre. Uma das coisas que aprendemos conforme vamos crescendo é que não se pode confiar nem em uma simples palavra. 'Sempre" na verdade é só enquanto der. Só enquanto a medicina for capaz de tornar a dor suportável.
 
A Tia Cida era alegre. Queria saber de tudo. Eu adorava contar qualquer novidade que acontecia na minha vida. Via novela. Fazia inglês na Wizard. Tinha letra bonita. Mandava cartões todo final de ano. Tinha caderno de receitas e de músicas preferidas. Morava em Santos a três quadras da praia. Passar férias lá era o máximo. Eu e meu irmão tínhamos nossas próprias canecas, que só eram usadas por nós, quando estávamos lá. O apartamento e todas as coisas tinham um cheiro especial, o cheiro dela. Voltava pra São Paulo e o cheiro vinha comigo, junto com o bronzeado e as histórias pra contar na escola.
 
No final de 2011, veio morar em SP com minha outra tia, a Maria Helena, ou só Tia Mena. Não dava mais pra ficar sozinha. O apartamento de Santos foi vendido. Tudo foi levado pra nossa casa de Camanducaia. Passei dias e dias com minha prima vendo fotos, cartas antigas, cadernos, muitos livros e cds. Ela disse que eu podia pegar o que quisesse, inclusive tudo que havia no porta joia.
 
O que mais dói é o fato de ela ter embora lentamente, mas eu só ter percebido quando não dava mais tempo.
 
Enquanto eu me maquiava pro almoço de natal desse ano, meu irmão falou brincando: "pra que se arrumar tanto pra ir pra ver os tios? o natal da nossa geração vai ser de chinelo, já tô avisando". Eu fiquei com isso na cabeça. "o natal da nossa geração". Ele se referiu ao futuro, quando eu, ele e meu primo tivermos filhos e formos "os tios". Nunca tinha pensado nisso. Esse foi o terceiro natal com as mesmas pessoas. O terceiro natal depois que os gêmeos Mari e Dudu nasceram e o terceiro natal que meu primo Guilherme volta a passar com a gente. Me acostumei. Não tinha me dado conta que esse conjunto de pessoas que me sempre me fizeram tão bem um dia iria deixar de estar completo.
 
Queria que ela vivesse mais pra fazer parte não só dos próximos natais, mas das próximas fases da minha vida. Ela sempre esteve presente, e agora eu só vou falar dela no passado. Mas eu garanto que só vou falar dela com todo o valor que merece por ter me dado mais do que o melhor, mais do que podia, em todos os dias de sua vida.

Ganhamos o mundo ♥ 30 DWC 1 - uma viagem que tenha feito

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014


No final de 2012, conheci a Laura. Em agosto de 2013, conheci o musical Tudo Por Um Pop Star. Em setembro, conhecemos a Larissa. E foi assim que juntas, porém cada uma em sua cidade, fomos ficando cada vez mais viciadas nas músicas, nos diálogos marcantes e no elenco todo.
A temporada em São Paulo acabou e eu tive certeza de que nunca mais veria todos juntos, me fazendo sentir aquela emoção e alegria de toda vez. Foi difícil, mas eu me conformei. Toda vez que ouvia uma música ou olhava pras fotos sentia minha garganta dar um nó. Até tomar café era difícil, porque eu insistia em usar a caneca dos Slavas.
As datas em Curitiba foram anunciadas. 2 e 3 de novembro. Grande coisa. Eu sabia que não iria. 
Mas não sei como ou quando, comecei a pensar melhor. Fiz cálculos, listas, planos, promessas. E não é que deu certo?
Comprei as passagens uma semana antes. Mas a ficha só caiu quando compramos os dois pares de ingressos para as duas sessões do musical, na primeira fila. Algo mais incrível que isso? Fizemos reserva em um hotel a menos de cinquenta metros do hotel onde o elenco todo ficaria.
Nem consegui dormir na noite anterior. Passei as seis horas de viagem tentando compensar a falta de sono, mas a ansiedade não deixava. Em uma parada, encontrei duas meninas que também são de São Paulo e estavam indo pra Curitiba pra ver o musical. Eu conhecia elas de vista, mas nunca tinha conversado. A Laura me avisou que já tinha chegado em Curitiba quando eu ainda estava na estrada, no meio do nada. Só uns vinte minutos depois comecei a ver sinais de civilização. E então não demorou muito pra chegar na rodoviária e ver ela me esperando na plataforma.
Almoçamos no shopping e fomos de ônibus (tão diferente dos de SP!) até o hotel. Deixamos nossas coisas lá e resolvemos dar uma voltinha na praça. Conhecemos uma igreja e o pátio de um colégio tradicional bem bonito. Passamos pelo hotel deles e perguntamos para os caras da recepção se "o elenco de um musical que estava hospedado lá" já tinha saído. Eles disseram que sim. Decidimos voltar pro nosso hotel então, já estava quase na hora do lanchinho que ia ser servido haha. Mas.... vimos uma van estacionada. A Laura chegou perto pra ver e viu uma plaquinha com o logo do musical. Nem acreditamos. E cara de pau do jeito que somos, fomos falar com o motorista que estava sozinho. Ele disse que tinha levado o elenco pro teatro e tinha voltado pra pegar "o músico que faltava". Imaginamos que fosse, sei lá, o baterista. Mas quando perguntamos se ele sabia o nome, ele pegou um papel e leu: Arthur Aguiar. Sim, o Arthur estava no hotel e ia descer em pouco tempo. Ficamos conversando com o motorista, que se chama José e já transportou uma série de artistas. Era engraçado o jeito que ele contava com a maior naturalidade do mundo suas histórias com a Claudia Leitte e companhia. Ele também queria saber do musical e quem eram eles, quem era o Arthur. Ele nem sabia que existia Rebelde brasileiro. Nossas risadas fizeram o tempo passar rápido. Então o Arthur chegou e falou com a gente. Tiramos foto e pegamos autógrafo. Muito lindo ele falando "Anita com dois N's ou com dois T's igual a Anitta? Você gosta da Anitta? Eu conheci ela, ela é tão legal" hahaha. Ele entrou na van e nós demos um até logo e um muito obrigada. Pro Arthur e por nosso novo amigo José, claro.
Depois do lanche, pedimos um taxi e fomos pro teatro. Câmera, caderninho com o código e senha do ingresso, o programa do musical (que eu comprei no último dia da peça em SP), o livro da Thalita e os presentinhos pra Larissa. O teatro não era longe do hotel não. Retiramos os ingressos na bilheteria e fomos dar uma volta. E foi nessa volta que descobrimos que a porta que dava pro palco, onde eles estavam ensaiando naquele momento, estava a-ber-ta. Não consigo explicar o que senti naquele momento. Eles estavam lá, passando o som da música final, que é minha preferida e que sempre me deixa feliz até quando ouço em algum vídeo. Eles estavam lá, de um jeito que eu nunca os tinha visto e nunca tinha imaginado que um dia os veria. Eles estavam lá, sem conseguir nos ver, porque estávamos meio que escondidas. Eles estavam lá, e só isso já me fazia querer gritar de felicidade.
Fechamos a porta rápido. Na verdade, um cara disse que não podia assistir e mandou a gente ir embora. Pois é. Eu poderia omitir essa parte, né? Mas olha só como eu conto tudo na íntegra. Haha.
Encontramos as meninas de SP e ficamos conversando até dar a hora de entrar. Era difícil de acreditar que a gente estava mesmo ali. Ah, e quando o produtor deles nos viu e ficou tão feliz que resolveu tirar um monte de fotos? "Galera de São Paulo representando" hahaha.
Entramos. Achamos nosso lugar e sentamos -mas antes procuramos a bolsa da Larissa pra ver se estava lá mesmo hahaha. Assistimos o vídeo que passa antes e logo quando a foto apareceu já começamos a gritar. "Baseado no livro de Thalita Rebouças..." aquela voz era tão familiar. Mas logo quando as luzes apagaram ouvimos as vozes que realmente queríamos ouvir.
Cantamos todas as músicas. Rimos. Choramos. Gritamos as nossas falas preferidas. Berramos, pra falar a verdade. Que saudade que a gente estava daquele musical! E como eles conseguem sempre surpreender a gente! Acho que é essa a diferença que me faz gostar muito mais de teatro do que de cinema.
Na saída, esperamos um pouco e logo o elenco chegou pra falar com a gente. Quando a Larissa abriu a porta, a Laura saiu correndo pra abraçar ela e começou a falar sem parar hahaha. Ficamos conversando (a gente mais falava do que deixava a Lari falar, mas ok hahaha) e matando saudade <3
Na hora de voltar pro hotel, conhecemos uma menina mais ou menos da nossa idade que estava com a mãe. Elas são do RJ e além de Curitiba tinham ido ver o musical em São Paulo. Dividimos o taxi e fomos juntas pro hotel do elenco. A Gabi estava lá falando com as outras meninas que como tinham ido de carro chegaram mais cedo do que a gente. Depois de um tempo com a Gabi eu e a Laura voltamos pro nosso hotel, tomamos banho e fomos dormir.
Acordamos com o despertador, nos arrumamos e fomos tomar café. E que café <3. Não sei se é normal, mas eu sempre acordo com muita fome haha. E as opções de café da manhã de hotel são sempre infinitas. Como não tinha nenhuma mesa para duas pessoas vazias, sentamos com um garoto que estava sozinho. Ele, assim como o taxista e mais um monte de gente, perguntou para nós se estávamos lá pra fazer a prova da Federal de Curitiba. Explicamos que na verdade era por causa de um musical, e depois também conversamos sobre ENEM, cursinho, colégio, nossas cidades... É tão legal encontrar gente que também gosta de conversar sem parar hahaha.
Depois do café nós subimos e, enquanto eu escova os dentes, a Laura estava brisando olhando a janela. De repente ela grita "ANITA, não são eles alí???" E eram! Hahaha. Chris, Thati, Rosana, Tony, Igor e Raphael. Descemos rápido e fomos pra feirinha onde eles também tavam indo. Mas achamos que ia ser muito sem noção ir atrás deles lá, então demos uma volta e depois voltamos pro nosso hotel. Como sou rápida com organização (bjs), minhas coisas já estavam arrumadas, mas as da Laura... Hahaha. Depois de um século (brincadeira) a gente deixou as malas no hotel, fez check out e fomos "aproveitar o dia em Curitiba" hahaha.
Viramos a esquina e vimos que já tinham várias fãs do Arthur lá esperando por ele na frente do hotel. Logo as nossas amigas de SP chegaram e ficamos na pracinha tocando violão. Então a Larissa desceu <3 e ficamos um tempão conversando. Depois todos eles chegaram e subiram pra pegar as coisas e entrar na van - eles iam almoçar e depois pro lançamento do novo livro da Thalita. Thati e seu sotaque foto "Chrixxx, cadê o carrrtão?" hahaha.
Quando eles foram embora, era a nossa hora de decidir como seria nosso dia. Conhecemos a Eloísa, de Santa Catarina, que também tinha ido pra lá por causa do musical e queria passear por Curitiba. Pegamos um ônibus chamado Jardineira, que você paga um único valor e pode ir com ele para 5 pontos turísticos da cidade. Sentamos na parte de cima, que é aberta e dá pra sentir, literalmente, a sensação de liberdade que o vento nos cabelos traz hahaha. Fomos ao Jardim Botânico, almoçamos em um parque, depois no Bosque do Alemão onde fizemos o caminho da história do João e Maria e por último na Ópera de Arame. Tinha muito turista por toda parte, e ouvir línguas e sotaques diferentes é tão legal! No final da tarde a Eloísa tinha que ir embora, então ela usou o último tíquete dela pra ir pra rodoviária e nós pegamos um táxi da Ópera de Arame até o teatro. Mas é óbvio que o táxi demorou um século. Ficamos num café/lojinha conversando enquanto esperávamos.
Chegamos no teatro, encontramos as meninas e novamente vimos o musical. Só que com uma dorzinha de saber que aquela seria a última vez. Chorei mais do que o normal. Mas também fiz o máximo pra aproveitar cada segundo, assim como o tempo que ficamos falando com a Lari na saída. O último que entrou foi o Chris, e eu fiz questão de abraçar ele bem forte. Abraços do Chris são meio que inesquecíveis.
Ficamos mais um século esperando o táxi que o porteiro do teatro chamou a gente, bastante preocupadas porque nossa passagem de volta já estava comprada e o tempo para passar na hotel, pegar a mala e ir pra rodoviária era curto. Mas por sorte deu tudo certo e até sobrou tempo. O taxista também chamava José hahaha e teve ter nos achado as meninas mais loucas do mundo.
O ônibus da Laura saiu quinze minutos antes do meu. Foi a segunda vez que tivemos que nos despedir.
É engraçado ver nossas mensagens dos dias antes de tudo acontecer. "não podemos esquecer de perguntar isso" "me lembra de falar isso" "vamos chegar lá tal hora"... a gente tinha um script na cabeça. Mas aconteceu tanta coisa inesperada, tanta coisa incrível. Parando pra pensar até me assusta. Como foi que a gente voltou pro hotel exatamente na hora que a van estava estacionada? E se a gente não tivesse ido até o outro lado do teatro, nunca íamos ver que aquela porta estava aberta. E se a gente tivesse tomado café um pouco mais tarde não teríamos visto eles de manhã. E se eu não ido falar com a Larissa pela primeira vez em São Paulo?? Cada detalhe fez toda a diferença.
Não sei se foi sorte, destino, ou resultado das inúmeras "vibrações da Babete". O fato é que as 34 horas horas nessa cidade me fizeram ver que a vida é realmente maravilhosa.

Algumas coisas, por mais impossíveis que pareçam, a gente sabe,
bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo.
Caio Fernando Abreu


30 Days Writing Challenge

 
 
 Férias. São Paulo. Um mês inteiro. Juntando essas três coisas, qual é o resultado? Madrugadas no meu quarto sendo iluminado apenas pela luz do notebook, ouvindo o som do teclado no compasso da música que toca bem baixinho pra ninguém da casa ouvir.
Conheci o 30 Days Writing Challenge e achei a ideia muito legal, portanto agora resolvi fazê-lo. Como janeiro tem 31 dias, vou começar no dia 2 e ir até o último do mês. Espero realmente conseguir!