Páginas

Terapia

quarta-feira, 31 de julho de 2013


O que foi agora? Tá triste porque acabou? Você sabia que isso ia acontecer. Ah, não é isso? O que é então? Ah, garota... Não tem jeito, você vai ter que encarar. Você ficou quase uma semana longe de qualquer meio de comunicação porque estava, bem, sendo feliz por aí. Agora chegou a hora de voltar. De dar satisfação. De ser sincera. Chega de drama, eu sei que você consegue.
Sim, eu sei, é difícil. Mas, quer saber? Tive uma ideia! Você vai achar loucura, mas acho que pode dar certo. Não, não tem problema, você não tá nem aí pra ele mesmo. Que diferença vai fazer? Olha só:
Conta pra ele que você já gastou todo o seu dinheiro pra ir no show do Rebelde. Que você é atrasada na escola. Que não vai na academia todo dia não. Que fala que sabe cozinhar, mas que já queimou até brigadeiro. Que gosta de escrever, mas tirou 4,5 na última redação do colégio. Que era zuada na quarta série porque usava calça de moletom laranja com camiseta cor de rosa. Que vive indo atrás da sua cantora preferida, mas ela nunca te reconhece. Que já ficou com o menino que sua amiga gostava. Que já pegou dinheiro da carteira do seu pai sem ele saber. Que já matou muita aula. Que já colou em muita prova. Que não sabe qual é o dia do aniversário da sua vó. Que já subiu no palco e esqueceu a coreografia. Que já inventou muita desculpa porque estava com preguiça. Que escreve "fearless" no braço todo dia, mas é a garota mais medrosa do mundo. Que faz terapia porque não consegue resolver probleminhas simples como esse. E porque não consegue perdoar, mesmo já tendo errado infinitas vezes.
Fala pra ele o pior de você. Quem sabe ele não desiste, né? Nosso tempo acabou. Agora é com você. Boa sorte.
 
 


Pedacinhos do meu quarto

segunda-feira, 29 de julho de 2013






Coisas da vida

Não consigo dormir. Diferente de todas as últimas vésperas de primeiro dia de aula, não é ansiedade. Afinal, já tenho uma ideia do que vai acontecer e essa imagem não me anima mais como antigamente. É falta de sono mesmo. Nessa última semana eu troquei a madrugada pelo dia. Na semana anterior também, mas de um jeito totalmente diferente.

Tinha flores no banheiro. Tinha luzes na praça. Tinha fogos no céu.

Eu me sentia feliz pelo simples fato de estar onde estava. Cada olhar profundo, cada pequena frase solta ou risada escandalosa, formavam um conjunto que me fazia querer ficar lá pra sempre.

Mas eu voltei. O primeiro dia foi horrível. No segundo, resolvi desfazer a mala e arrumar meu quarto. Revelei algumas boas fotos e fiz um novo mural. Só que não tinha espaço para todas, então tive que selecionar as minhas preferidas. E sabe da maior? Estou olhando para minha parede agora, e você não está nela. Assim como eu não estou mais aí com você, ou em você.

Estou onde deveria estar. E amanhã, com o uniforme azul e branco, vou seguir em direção à minha boa e velha rotina. Só vou precisar de um pouco de coragem, bastante café e um simples bilhete que você nem deve saber pra que serve.

Vem

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Minha miopia junto com minha mania de sair de casa sem óculos normalmente me impedem de enxergar muita coisa. E ontem, quando estava passando pela praça, não seria estranho se eu tivesse simplesmente seguido em frente. Mas não foi isso que aconteceu. Eu reconheci o azul da sua blusa, que se destacavam no meio da imensidão de neblina. Você me chamou e eu fui em sua direção. Você me abraçou e eu tive um pequeno ataque cardíaco quando senti seu cheiro. Você perguntou o que eu estava fazendo e eu inventei qualquer coisa.

Isso foi ontem. A consequência do anteontem. Quando tinha milhares de pessoas ao nosso redor. Algumas torcendo, outras detestando. Mas nenhuma capaz de interferir no que estava acontecendo.
Hoje tá tudo diferente. A cidade é pequena, eu sei, mas está parecendo enorme. Porque lutei contra o frio, arrumei umas desculpas e saí, mas essa já é a terceira vez, e em nenhuma eu te encontrei. A decepção tá saindo pra fora e me incomodando como um fiozinho, que só vai ser cortado se você aparecer na minha frente. E se você ficar, talvez até queime a pontinha pra nunca mais desfiar.

Não consigo imaginar onde mais você pode estar agora. A cada esquina que dobro encontro alguém conhecido. Escuto o sotaque que pra mim é o melhor do mundo. Sorrio, respondo as perguntas de sempre e digo que vou aparecer uma hora dessas sim. Mas tô olhando pro lado pra ver se não vejo você. Você, você, você.

Estou indo embora hoje, lembra? As férias tão acabando. Nossas vidas são diferentes. Nosso tempo é curto. A gente já perdeu tudo que tinha, não foi? Então por que tá fazendo a gente perder tempo também?

Eu tô no lugar de sempre. Vem aqui se despedir direito. Ou só me deixa olhar para os seus olhos mais uma vez antes de ir. Só pra eu ter aquela sensação de felicidade eterna que você me mostrou que existe de verdade.

 


Tem alguém lá fora

São quatro da manhã. Se não fosse a luz do corredor que entra pela pequena fresta da porta, o quarto estaria completamente escuro. Beatriz ainda não conseguiu dormir. Muita coisa aconteceu nessa noite, e sua cabeça agora está repleta de pensamentos. Alguns até indesejáveis. Talvez se conseguisse esquecer certas coisas seria mais fácil. Mas isso não é um problema para ela. Até parece gostar.

Foi a primeira vez que saiu com aquela turma sem ele. Quando pisou pela primeira vez na cidade, não conhecia ninguém. Até que, em uma noite de festa que ela resolveu parar de se esconder de todos e sair, conheceu alguém que conseguiu mudar tudo. Pra melhor. Graças a ele, conheceu todo mundo. E também teve os melhores momentos de sua vida. Mas depois de um tempo viu que ela podia ser muito mais... sem ele. E parece que ele também não fazia tanta questão. E assim foi. Agora ela não tem mais nenhuma certeza, mas as dúvidas tornam tudo mais misterioso e divertido.

Seu pé dói. Culpa dos sapatos novos. O frio é imenso, mas parece que a preguiça de levantar e ir pegar mais um cobertor é maior. Ela quer dormir, mas quanto mais pensa nisso mais difícil fica.
Beatriz fecha os olhos e se concentra apenas na própria respiração, seguindo o conselho que sua mãe sempre lhe dava quando era pequena. Começa então a se lembrar da mãe. Faz muito tempo que não a vê. A saudade com certeza é o maior preço da independência. Mais uma vez, afasta os pensamentos e tenta dormir.

Alguém grita o nome de Beatriz no portão. Ela pensa que faz parte de algum sonho e continua de olhos fechados. Ouve seu nome outra vez. Então se dá conta de que é real. Seu coração dispara. Ela sabe quem é. Todo o frio que sentia há alguns segundos desaparece. Permanece parada. Pensa que talvez ele desista e vá embora. Mas não. Ouve o portão se abrindo. Não acredita que depois de tudo ele ainda tem coragem de ir até sua casa. Ela sente que não pode permitir tal atitude. Afasta os cobertores e levanta da cama. Descalça, caminha até a sala. Desembaça o vidro da janela para ver o lado de fora. Lá está ele, com o mesmo olhar de sempre. E a mesma cara de pau também. Abre a porta, porque parece ser o certo a fazer.

-Oi, Bia.

-André, achei que você tinha me devolvido a chave

-O portão estava aberto, juro. Posso entrar?

-Pra que? Pra ir embora de novo quando amanhecer?

-A gente não pode nem conversar? Tô com saudade... Eu te vi na festa hoje, você tava muito linda.

-É, eu te vi também. Com aquela Fernanda.

-Ah... ela nem é daqui, e foi embora super cedo. Você também, aliás. Lembra quando a gente ia no mirante e ficava lá até o sol nascer?

-Sim, eu lembro. Mas por que a gente tá falando disso agora mesmo?

-Você não muda, né? Quem vê você agora pensa que é de um jeito, mas eu conheço melhor que todo mundo.

-Até parece

-Eu fui o primeiro, não foi?

Ela hesita em responder. Mas é a verdade, e ele sabe disso. Então não adianta nada.

-Seu silêncio diz tudo

-André, é melhor você ir agora. Eu tô cansada.

-Tudo bem, Biazinha

Ele vai embora. Beatriz até estranha ele ter ido sem insistir. Percebe então que a insistência, sentimento que fazia o que os dois tinham dar certo deixou de existir completamente. Ele insistiu pra ela dizer sim. Ela insistiu muito pra conseguir tempo pra ele. Agora estava comprovado: nenhum dos dois fazia questão. Então Beatriz volta para cama. Mas antes, não só pega mais uns cobertores como também liga o aquecedor. Chega de passar frio.

Para de uma vez, pela última vez

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Para de uma vez de dizer que eu sou a única pessoa que você ama. Você não percebe que isso só deveria ter importância pra mim? Então por que não para de se esforçar pra que todo mundo saiba e se esforça pra que eu comece a acreditar?

Não aguento mais ter que contar a mesma história várias vezes porque você esqueceu. Não aguento mais ficar me conformando, dizendo pra mim mesma que esse é só o seu jeito e que eu tenho que entender.

Você conseguiu fazer com que eu sentisse ódio de tudo. Cheguei ao ponto de encontrar problema em todas as coisas. Mas agora percebi que o único problema era você.

Olha, não precisa ir embora pra sempre. Só começa logo a ouvir e pensar antes de falar. Pode começar agora mesmo. Mas ouve bem, porque eu tô falando pela última vez.

Seu nome, meu drama

terça-feira, 23 de julho de 2013

Eu te vi de longe, e lá longe você ficou
Durante cada segundo da noite que se passou
Uma promessa foi feita, mas você se esqueceu
Assim como tudo que entre nós aconteceu
Rindo, disfarço não entender o sentido
Daqui um tempo já vou ter esquecido
O que pra você nunca deve nem ter existido

Passou mais rápido que seu avião

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Parada no trânsito depois de um dia cansativo. Tão preocupada com a chuva que ameaçava virar uma tempestade que nem prestava atenção no que tocava no rádio. Até que ela ouviu algo familiar. Os primeiros acordes já foram suficientes para reconhecer a música que tinha feito parte de um momento muito especial. Marcante. Significativo. Inesquecível. Na verdade, indescritível. Como tudo que é formado através do amor.
Não pensou duas vezes e pegou o celular. Um toque, dois toques, caixa postal. Estranho. Mas logo depois chegou uma mensagem:

Não posso atender agora, tô entrando no avião. Quando eu chegar lá a gente se fala. Beijos

"Avião? Meu Deus, que dia é hoje?" foi o que ela pensou. Sim, o dia tinha chegado. Ele estava embarcando naquele momento. Não acreditou que tinha esquecido.
Lembrou do dia que tinha recebido a notícia, mas ou menos um mês atrás: "Ah, mas que experiência incrível você vai ter! Seis meses na Alemanha, que demais! Aproveite o máximo!" foram as palavras que saíram de sua boca. Mas por dentro o que ela queria dizer era "e aí, o que vai acontecer com a gente???" Ela tinha chorado por um bom tempo. Seis meses sem ele parecia algo impossível, e o pior de tudo era essa incerteza. O engraçado é que eles acima de qualquer coisa eram grandes amigos e falavam sobre tudo mesmo. Mas a conversa que realmente tinha que acontecer jamais era iniciada.
Tentou lembrar a última vez que os dois tinham se encontrado. É, depois de dada a notícia, nunca mais. Ela tinha achado melhor se afastar e dar um tempo. Ele tinha percebido e perguntado o motivo. Ela tinha sempre as mesmas respostas: "não quero atrapalhar, você deve estar ocupado preparando tudo. Além disso, tem que aproveitar o tempo com sua família". Talvez ele tenha percebido, mas tivesse achado melhor assim.
Durante aquele mês ela foi descobrindo que poderia ser completa sem aquela pessoa que ela dizia ser a sua metade. O que era impossível com o tempo virou aceitável. Até passar por despercebido.
Seus pensamentos foram interrompidos pela voz gritante do locutor da rádio. A música tinha terminado. Mas ela sabia que nunca deixaria de existir. Assim como a história dos dois. Mas, naquele momento, só o que restava a fazer era desejar uma boa viagem.
Então ela respirou fundo, olhou para o céu por trás do para-brisa e agradeceu pelas duas coisas que tinham ido embora: a chuva, e o aperto em seu coração.

O que eu queria

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pare e pense em quantos sonhos você já realizou e nem se deu conta. Tente lembrar de você na infância. Quando perguntavam o que você queria para o futuro, o que respondia? Ou melhor, o que você imaginava, mas não contava pra ninguém?

Acho que a primeira coisa que eu quis de verdade foi aprender a ler. Depois, andar de bicicleta sem rodinhas. E aí foi indo. Eu queria escolher minhas próprias roupas. Mudar para uma escola maior e ter amigos de verdade ao invés pessoas que eu conversava quase que por obrigação. Apresentar um trabalho sem gaguejar. Aprender a tocar violão. Dizer adeus ao balé, a professora rígida e todas aquelas meninas esqueléticas. Eu queria muito entrar numa escola de dança mais legal, onde todo mundo fizesse aquilo por puro prazer. Queria dançar minhas músicas preferidas e não a sinfonia de alguém que pode ser super importante para a história da música, mas que pra mim não representa nem significa nada.

Eu via nos filmes aquelas histórias de amor e me perguntava se um dia viveria uma. Via os personagens fazendo malas e largando tudo que antes era de extrema importância por algo tão incerto. Eu queria ter essa coragem que parecia nem existir no mundo real.

Não eram metas, nem planos para o futuro. Não escrevi em nenhuma lista de desejos. Não ficava sonhando acordada ~com um futuro melhor~. Eu apenas queria. E, sem perceber, as coisas foram acontecendo, cada qual em seu tempo.

Mas é claro que, quando me perguntavam, eu não respondia nada disso. Acho que é porque tudo parecia tão impossível que eu até tinha vergonha. E é por isso que não respondo o que eu quero hoje. Minha mãe vive dizendo que quando se quer muito alguma coisa não pode sair contando pra todo mundo que estraga, e nada dá certo. A gente tem que falar para sí mesmo. Porque, pensando bem, só nós mesmos temos o poder de fazer acontecer.


ps: escrevi esse texto ouvindo essa música

 

Temporal

terça-feira, 16 de julho de 2013

Se eu cantar uma canção você vai ficar
Se eu abrir meu coração você vai se desculpar
E dizer que se arrependeu
Se eu contar toda a verdade vai adiantar
Então a felicidade vai retornar
E vamos ver que nada morreu

Mas logo depois a ficha vai cair
E nós dois vamos ter que ir
A quem estamos querendo enganar?
Não quero nem pensar pra não me iludir
Isso é algo que eu não posso mais permitir
Preciso ignorar

Eu tô chorando agora mas foi só um cisco
Melhor eu ir embora entes que esse chuvisco
Vire um temporal
Sei que vou me arrepender quando ouvir nosso disco
Mas não quero mais correr esse risco
Já deixou de ser natural

Mas saiba que aqui dentro ainda é igual


O que me faz ser sempre sua

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Decidi aproveitar o dia livre pra arrumar minha vida. Começar pelo guarda roupa me pareceu uma boa opção. E foi em uma caixa na prateleira mais alta que eu encontrei uma folha de caderno rasgada com alguns versos escritos.

Não sei onde isso vai parar
Não sei quanto tempo vai durar
Só sei que eu não tô mais conseguindo me controlar
Não sei pra onde vai me levar
Não sei se vai me fazer chorar
Só sei que agora eu tô decidida a encarar
Eu tô tentando esconder
Mas parece que é pra valer
Se você sente o mesmo
Poderia me dizer?

Uma gargalhada saiu automaticamente. Depois, uma lágrima. Não foi de alegria, tristeza, nem de saudade. Foi só emoção. Aquela época era boa, mas a de agora é tão melhor.

Hoje eu falo diretamente com você, sem medo do que pode acontecer. Sai tudo naturalmente e eu jamais tenho a sensação de culpa depois. Você sabe o que eu quero dizer. A gente se entende de uma forma que não dá pra explicar, muito menos definir. E é no meio de um "o que você fez com seu cabelo?" ou um "que vontade de te beijar" que a gente vai indo.

Você ainda me faz passar um pouco mais de perfume pela manhã. Ainda me faz rir com qualquer coisa idiota que diz. Ainda tenho vontade de matar as pessoas que interrompem nossa conversa. Ainda sinto o mesmo quando ouço aquela música. E quando passo por aquela estação de trêm, tudo volta na minha mente. Cada segundo em que fomos uma pessoa só.

Certas coisas sempre só vão fazer sentido pra nós dois e eu sei que nunca vou deixar de sentir essa vontade de falar todos os dias com você. De contar algo que nem minha melhor amiga sabe ou apenas perguntar como foi seu dia. Mesmo quando a gente se formar. Quando a nossa banda preferida se separar. Quando nossa rotina for totalmente diferente. Quando, enfim, nossa vida nos levar para sentidos opostos.

Faz de conta que eu disse tudo aquilo antes e que a situação de agora foi uma escolha nossa. Não pense no que poderia ter sido e não foi. Ignore a barreira que existe entre nós. Esqueça tudo que nos fez ficar com o pé atrás. Só não esqueça que eu te amo e que por mais que esse sentimento sofra algumas variações de intensidade de vez em quando, ele sempre vai permanecer vivo dentro de mim.

Gabrielle

quarta-feira, 10 de julho de 2013







E uma tarde maravilhosa com minha melhor amiga <3

P de preguiça

terça-feira, 9 de julho de 2013

Atualizei a página e o número 1 apareceu ao lado do envelopinho. Gelei. Eu sabia que aquela mensagem era sua. Engraçado, estou sentindo a mesma sensação agora, escrevendo essa carta. E sabe, não é algo que me faz bem. É um frio totalmente diferente do que eu sentia, sei lá, alguns meses atrás.
Respirei fundo e abri a caixa de entrada. Lá estava você. Ou melhor, sua foto. Você não é assim. Esses óculos escuros escondem o olhar que um dia fez meu coração bater mais rápido. E onde está o sorriso, sempre presente do seu rosto? Definitivamente não é você.
Então eu vi aquele turbilhão de palavras que só faziam sentido pra você. Eu li, depois li de novo e de novo. Me deu preguiça. Sono. E olha que a madrugada ainda estava longe. Você nunca teve bons argumentos, mas de alguma forma conseguia tirar o pouco de razão e o excesso de palavras que eu costumava ter. Me fazia lutar e dar a volta por cima. Agora não mais. Não porque não consigo, mas acho que porque eu perdi a vontade. É, só faltava isso. Então não falta mais nada.


Resumo do semestre

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pronto, acabou. Estou oficialmente de férias. Despertador e calculadora viraram funções inúteis no celular. Em compensação o Whatsapp... agora tenho tempo de sobra pra ler as conversas de todos os grupos. Coloquei o uniforme -feio- no fundo do guarda roupa e com ele todas as angustias e preocupações que passei nesse semestre. Passou rápido, muito rápido. Não lembro exatamente o que eu estava esperando, mas com certeza foi bem melhor.
Teve amor. Ou pelo menos eu acho que aquilo que me fazia largar tudo, esquecer as obrigações e ir atrás com todas as forças era amor. Nunca pensei que pudesse sentir algo tão forte. Algo que me deixasse com aquela sensação de felicidade eterna que eu tanto via nos filmes. Mas também nunca pensei que quatro meses depois eu não estaria sentindo mais nada.
Teve briga. Por deixar de contar e por deixar de ser.
Descobri com quem eu posso realmente contar. E em quem eu posso realmente confiar.
Comecei a ter as dúvidas que antes eu considerava drama.
Matei saudade. Percebi que o tempo não passa quando a amizade é pura e verdadeira.
Tomei coragem e tirei do fundo uma pendência que, sem eu mesma saber, me incomodava muito. Saiu naturalmente, no meio de uma conversa que provavelmente só teve importância pra mim. Acho que era mesmo como tinha que ser.
Viajei para alguns lugares pela primeira vez. Viajei sem minha mãe saber pela primeira vez. Viajei totalmente sozinha pela primeira vez. E viajei pro mesmo lugar de sempre, mas vivi muita coisa pela primeira vez.
Fui falsa, assumo. Segui minha vontade sem pensar nas consequências. Mas fui honesta com quem meu instinto dizia que eu deveria ser.
Percebi que tenho professores muito bons e que as pessoas que sentam do outro lado da sala são tão legais quanto os meus amigos de todo dia. A ficha caiu: preciso aproveitar o máximo. Tá acabando. Não dá mais pra ter aquele pensamento de que tudo é inútil e desnecessário.
O que mais eu posso dizer? Li muito, descobri músicas novas, voltei (pela milésima vez) pra academia, fui ver a senhorita Manu Gavassi mais algumas muitas vezes, conheci pessoas maravilhosas e outras nem tanto assim, fiquei de recuperação das mesmas matérias de sempre (e de umas inesperadas também, mas quem se importa?), meu cabelo cresceu e acho que minha timidez foi embora pra valer. Portanto, se você for uma pessoa que me conhece não por vontade própria, mas sim por obrigação do destino, e for falar alguma coisa do tipo "eu li seu último texto", não vou mais sentir nem uma pontinha de vergonha.
O fato é que nenhuma mudança radical vai acontecer de hoje pra amanhã. Foi só a página do calendário que chegou ao fim. Os melhores momentos se tornaram eternos nas fotos, ingressos, notas fiscais e bilhetes de passagem. Os piores, bem, alguns eu usei pra criar uma espécie de barreira protetora. Outros, resolvi deixar pra lá.